Pequeno almoço para campiões.

Isto começa cedo, provavelmente numa segunda-feira, em que eu na tenho aulas.

Acordo por volta das onze, olho para o meu quarto perfeitamente desarrumado, em que a roupa facilmente se mistura com o chão e o pó com o resto, visto a roupa aleatoriamente, arrasto me até a casa de banho onde lavo os poucos dentes que ainda tenho e sacudo as ramelas, olho ao espelho e decido que não vale a pena fazer a barba. Desloco me já mais desperto até ao meu magnifico rover, onde traço rumo até a praça torreence para me tomar o meu pequeno-almoço, movo-me estasiado pelo roncar de uma barriga vazia e de uma noite mal passada. Estaciono o meu carro junto aos caixotes de lixo, onde o cheiro é um misto de criolina com escama de peixe podre, entro pelos vegetais, que embora com boa aparência sei que não são frescos, passo por entre a clientela que me oferece alguma resistência, passo os ciganos à conversa, os pedintes do leste, as ciganas a vender. Mudo para a secção de comida não vegetariana, carne supostamente fresca, os frangos os congelados, cada vez mais próximo do meu objectivo, as bancadas de peixe "descongelado" e finalmente a primeira bancada das bifanas e depois (aquela em que os gajos foram apanhados a enrabarem-se e depois mudou de donos)... a segunda, e finalmente o meu naco de carne de porco.
Naco este servido em pão do dia, cozinhado numa frigideira (que eu penso ter pelo menos origem extraterrestre e de alguns milhões de anos a traz) com umas duas bolas de sebo de porco, esfregadas carinhosamente de forma a limpar a borda da frigideira que provavelmente nunca sai do lume... uma mão coça o tomatinho esquerdo, a outra serve e pede a conta.
Eis que me encontro a mastigar a iguaria que faz a felicidade de qualquer namorada a procura de beijinho, instalasse a gordura nos dedos e o hálito fresco, assim como umas ovas de urso...
Mais um pequeno-almoço para campeões e um passo mais perto do enfarte do musculo cardíaco...